domingo, 21 de junho de 2009

Que dia...


Lembro-me do azul
Um azul profundo, luminoso
Onde a vista se perdia
Achando-se nos corais

Nadei na mansidão da corrente
Livre das grilhetas da gravidade
Pairei sobre rochas, sobre areia
Na ternura da imponderabilidade




Lembro-me do crepúsculo
Da doçura da água
Que me acolhe no seu seio
Que me abraça suavemente

As medusas soltam os tentáculos
Como cabelos sacudidos no vento
Ondeiam ao sabor da corrente
Despenteados, belos, livres



Lembro-me da escuridão
Sem a luz do dia
Sem a luz da lanterna
Outra luz surge

Milhares de estrelas brilham
Como uma via láctea
No fundo do Oceano
O esplendor galáctico




Lembro-me de 2 olhos fitarem-me
Interrogavam quem anda aí
Quem ousa perturbar a Paz
Quem trouxe essa luz

Sinto-me intruso naquele mundo
Sinto-me um estranho na terra
Quero viver aqui
Embora em breve deva partir




Lembro-me daquele dia
Da imensa paz
Do sublime pôr-do-sol
Da serena noite

No nevoeiro da memória
Persiste aquele dia que passou
Como gravado numa rocha
Como desenhado no vento

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