sábado, 18 de agosto de 2007

Garrafas


Alterei o toque das mensagens do meu telémovel, cortei uma parte da música do Message in a Bottle dos Police e Zás!

Escrevi uma mensagem numa Garrafa Azul e lancei-a ao mar na esperança que a minha Sereia a lei-a. Há muito tempo que não estou com ela e morro de saudades, corri até ao mar e deixei que as ondas me acariciassem os pés, joguei a garrafa, gritei pelo seu nome e esperei. Esperei, mas ela não veio.

As ondas continuaram a fazer-me festas e a dar palmadinhas enquanto foram dizendo:

- Não fiques assim tão triste, pois temos a certeza que só uma forte razão a está a prender lá no fundo". Olhei para elas e sem saber o que dizer limitei-me a sacudir a cabeça.

- Vá lá, não fiques assim. Vem divertir-te conosco, não nos achas lindas?

- Claro que são lindas - respondi - mas, desculpem a franqueza, não se aproximam da beleza da minha sereia. Nela tudo é lindo, as curvas do seu corpo não têm rival, nem nas mais perfeitas ondas, a côr dos seus olhos ultrapassa o mais lindo azul dos oceanos e o seu cabelo faz empalidecer o mais belo de todos os areais.

- Se calhar estás a exagerar um pouco - retorquiram-me mostrando-se um pouco ofendidas.

- Não. Nunca serei capaz de transmitir por palavras a beleza dela, pois por cada sentido teria de escrever um texto do tamanho da Enciclopédia Britanica apenas dar dar uma pálida ideia.

- Como assim?

- A descrição que fiz foi apenas um pequeno extracto do que me transmite a visão. Se fosse falar da audição teria de dizer que a voz dela é mais bela que o ressoar mais romântico que alguma onda poderá produzir, que o som da sua respiração não tem qualquer comparação com o mais doce arulhar do vento. No que diz respeito ao olfacto, bem podem tentar a mais bem conseguida mistura de maresia e flores tropicais que nunca conseguirão aproximar-se do magnifico odor da sua pele despida e suada após termos feito AMOR. A suavidade da sua pele é tal que nos leva ao Nirvana só de imaginar-mos que a estamos a tocar. Deixei para o fim o paladar, pois o sabor da boca dela ultrapassa o hidromel da mitologia grega. De facto depois de beijá-la sentimo-nos no Olimpo...

- Chega! Não digas mais nada - as ondas, num misto de frustação e pena, cortaram-me a divagação - não adianta ficares por aí a chorar, pois não será a dor que a irá trazer-te de volta. Quando não podes ter tudo o que AMAS, ama tudo o que tens. E neste momento tudo o que tens somos nós, por isso vem divertir-te conosco enquanto esperas por que ela solte das profundezas negras e sombrias onde está presa.

-Ela está presa? - o meu coração disparou não pela surpresa, mas pela confirmação do que há muito tempo já sabia.

- Sim ela está presa por uma cadeia que é muito dificil de abrir.

- Quem foi que a prendeu? E o que é que a mantém presa?

- O senhor dela, o Abismo Profundo. Sabes que ela não pode viver fora de água, não porque não possa respirar, mas pelo AMOR que sente por ela. Não sei se alguma vez te disseram mas a água é sua filha.

(continua)

Fiquem Bem!

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